quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Religião em destaque


Comentário ao artigo "Até aqui o senhor nos abençoou' de Fábio Py Murta de Almeida, Publicado em Segunda, 01 Outubro 2012 16:52 no site da Revista Caros Amigos

Por Jorge Damião Dias de Souza

          Caro Fabio, é muito importe mantermos este tema em discussão permanentemente, até mesmo para que se produza material teórico para a formação do pensamento crítico dos leitores, bem como exercitar a democracia real.   Acredito que seja extremamente importante lembrar que a Igreja Católica é uma Instituição que cuida principalmente das questões da fé e da formação do ser humano partindo do princípio da liberdade, ou seja, a Igreja não obriga ninguém a aceitar todas as suas determinações mas, aquele que se dispõe a se tornar um membro, precisa conhecer sua doutrina.  O que quero dizer é que a Igreja enquanto instituição Universal, não pode promover movimentos ou ideologias que culminem com divisões na sociedade, mas ao contribuir para uma educação libertadora, capacita seus membros de modo que possam conscientemente e teoricamente embasados  criticarem o status co  de sua época, porém, sempre tendo em vista que o mais importante é o bem comum.

         É importante lembrar também que, por mais que alguns dos defensores da Teologia da Libertação esperem muito mais ação da Igreja, não se pode esquecer, para começar, da Rerum Novarum, e ainda dos próprios exemplos que foram citados em seu artigo, foram por muitas vezes produzidos por católicos (mesmo que em alguns momentos tenham ido de encontro as determinações da igreja a respeito da não-violência, da luta armada), alguns desses casos foram situações extremas em que uma tomada de posição se fazia necessária naquele momento, naquele contexto.

         É fato, e deveria ser reconhecido como crédito, que a grande maioria das ações sociais, os movimentos de luta contra as injustiças, reformas no campo da política (Lei contra a compra de votos, Lei da ficha limpa etc. para falar de Brasil), são ações diretas da Igreja ou de cidadãos formados por esta Igreja.  Para citar somente o Brasil, seria muito importante listarmos a quantidade de mártires que brotam a todo tempo nas lutas por direitos, em todas as instâncias da sociedade, mas principalmente no campo. As histórias continuam se repetindo: a Igreja, diretamente, na pessoa de seus sacerdotes ou de cidadãos que formaram sua consciência a partir do pensamento cristão de igualdade, liberdade, amor ao próximo, estão atuando diretamente nestas lutas contra as diversas formas de opressão.

        Para se ter uma ideia, no início deste século haviam (e ainda existem) listas de cidadãos marcados para morrer por estarem envolvidos nas lutas contra as injustiças cometidas no campo (aproximadamente em 2002, 200 nomes), entre eles, a maioria era composta de lideres formados pela Igreja Católica e ainda um grande número de padres e bispos.   Há muito mais para se falar a esse respeito mas, este não é o espaço para um debate mais extenso. Deixo uma questão para todos nós pensarmos: será que a Igreja/humanidade precisam de uma "Teologia da Libertação" nos moldes que ficaram mais conhecidos no século passado no Brasil, principalmente? Ou, será possível pensar um modelo que seja realmente espelho de Cristo ressuscitado?   "...a Igreja precisa de uma teologia da libertação..." João Paulo II.    

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Questão racial no Brasil

Comentário a respeito da Audiência sobre racismo em obra de Lobato termina sem acordo







 
Publicado em Quarta, 12 Setembro 2012 15:55
Escrito por Caros Amigos


"Adoção da obra no ensino é questinada por entidade e por pesquisador"
Da Redação
"A polêmica sobre racismo em obra do autor Monteiro Lobato ainda não foi encerrada. Terminou sem consenso a audiência de conciliação realizada na noite de ontem (11) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Representantes do Ministério da Educação (MEC), da Advocacia-Geral da União e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) discutiram, com a mediação do ministro do STF Luiz Fux, o mandado de segurança do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) e do pesquisador de gestão educacional Antônio Gomes da Costa Neto contra o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) que liberou a adoção do livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, no Programa Nacional Biblioteca na Escola."
"Publicado em 1933, Caçadas de Pedrinho relata uma aventura da turma do Sítio do Picapau Amarelo à procura de uma onça-pintada. Entre os trechos que justificariam a conclusão de racismo estão alguns em que Tia Nastácia é chamada de negra. Outra parte diz: 'Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão'.
Em relação aos animais, um exemplo mencionado é: 'Não é à toa que os macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens". Outro é: “Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne preta'."

    Não acho que seja irrelevante a questão, porém, mais do que gritar contra  algo que já está enraizado no senso comum por conta de anos sem qualquer debate a respeito, melhor seria trabalhar por uma reforma completa no ensino que contemplasse todas as suas dimensões, com o intuito de formar integralmente o educando, inclusive, contribuindo para que este construa seu pensamento crítico e consiga entender os porquês desse tipo de discussão.  No mais, temos que parar com os exageros sobre a questão racial no Brasil, a começar por mudar o uso dos termos como, não utilizar o termo raça para diferenciar negros de brancos ou de índios, pois pertencemos todos a raça humana, e ainda, despotencializar o uso dos termos negro, preto, não vejo nenhum problema se alguém me chamar dessa forma, pelo contrário, me sinto orgulhoso pois tenho plena consciência de minhas origens,  quanto a correlação com animais, o macaco em especial, também não me sinto ofendido já que muitos seres humanos podem ser considerados mais irracionais que estes bichinhos tão lindos, é claro que se não tiver conotação deliberadamente pejorativa, a intenção de ofender, neste caso, que seja punido da mesma forma quando alguém chama o outro de imbecil, de mongoloide, de idiota, de p..., de v..., aqui é preciso rever nossas leis que continuam favorecendo a impunidade daqueles que possuem mais dinheiro, pois a realidade é que ninguém tem o direito de ofender ninguém, seja branco, preto, azul, laranja etc. Esse multicolorido incomensurável da raça humana é um tesouro incompreendido pela maioria e merece ser melhor explicado as nossas crianças desde o seio materno.   

    Acredito que dessa forma não precisaremos esconder livros preconceituosos ou racistas de nossos jovens, eles próprios, ao lerem com um olhar crítico, terão a capacidade de distinguir tais livros daqueles que tem realmente algum conteúdo importante para sua formação enquanto ser humano completo. 

    A verdade é que o racismo, onde quer seja, de que forma que seja praticado, deve ser combatido veementemente, a questão a ser discutida é como fazer isto, de maneira que aqueles que continuam perpetuando essa forma de pensamento sejam realmente punidos mas, ao mesmo tempo, sem criarmos uma nova ditadura racial.  A intenção não pode ser essa  mas, a erradicação definitiva da ideia da existência de  "raças superiores" e "raças inferiores" e qualquer tipo de tentativa de inferiorizar qualquer grupo étnico, cultura ou gênero.  

     No mais vamos esperar que este entrave não se estenda muito para que não seja motivo de atraso para novas reformulações sobre este e outros assuntos também tão urgentes.

Professor Jorge Damião Dias de Souza


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Incêndios sem explicação em São Paulo: acidente, "auto combustão" ou vista grossa para o avanço do mercado imobiliário?


O que está acontecendo em São paulo?

A situação está cada vez mais escrachada, não é possível que a população continue acreditando em 33 coincidências. Trinta e três incêndios em favelas na cidade de São Paulo, sem explicação.

A quantidade de casos e a forma e local como e onde tem ocorrido tais incêndios, pode nos levar a pensar nas possíveis causas desses "acidentes", a falta de explicações plausíveis nos deixa livres para chegarmos as infinitas possibilidades de respostas a estes casos absurdos.

Em São Paulo é mais difícil montar uma desculpa como a do Rio de Janeiro por conta do tamanho e da localização das favelas, a maioria não está em encostas como na "cidade maravilhosa", e a grandiosidade torna-se um entrave aos possíveis  projetos favela-bairro sugeridos.  Desse modo é possível "conjecturar" sobre a possibilidade desses incêndios serem criminosos ou, serem parte de um "projeto de reurbanização" e reorganização do "Pátio do Colégio".

"A final uma vitrine não pode ficar suja, desorganizada e, os insetos tem que ser removidos ou exterminados..."
Jorge Damião


Em uma área em que se encontram 114 favelas de São Paulo, houve 9 incêndios em menos de um ano, enquanto que em uma área em que se encontram 330 favelas não houve nenhum. Algo muito peculiar deve acontecer com a minoria das favelas, pois apresentam mais incêndios que a vasta maioria. Ao menos que o clima seja mais seco nessas regiões e que os habitantes dessas comunidades tenham um espírito mais incendiário que os das outras, a coincidência simplesmente não é aceitável. O artigo é de João F. Finazzi.

Segundo a física, propelente ou propulsante é um material que pode ser usado para mover um objeto aplicando uma força, podendo ou não envolver uma reação química, como a combustão.

De acordo com o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, até o dia 3 de setembro de 2012, houve 32 incêndios em favelas do estado – cinco somente nas últimas semanas. O último, no dia 3, na Favela do Piolho (ou Sônia Ribeiro) resultou na destruição das casas de 285 famílias, somando um total de 1.140 pessoas desabrigadas por conta dos incêndios em favelas.

O evento não é novo: em quatro anos foram registradas 540 ocorrências. Entretanto, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada em abril deste ano para investigar os incêndios segue parada, desrespeitando todos os trabalhadores brasileiros que tiveram suas moradias engolidas pelo fogo.

Juntamente com o alto número de incêndios, segue-se a suspeita: foram coincidências?

O Município de São Paulo apresenta 1565 favelas ao longo de seu território, distribuídas, majoritariamente na região Sul, Leste e Norte. Os distritos que possuem o maior número de favelas são: Capão Redondo (5,94% ou 93), Jardim Angela (5,43% ou 85), Campo Limpo (5,05% ou 79), Grajaú (4,66% ou 73). O que significa que 21,08% de todas as favelas de São Paulo estão nessas áreas.

Somando as últimas 9 ocorrências de incêndios em favelas (São Miguel, Alba, Buraco Quente, Piolho, Paraisópolis, Vila Prudente, Humaitá, Areão e Presidente Wilson), chega-se ao fato de que elas aconteceram em regiões que concentram apenas 7,28% das favelas da cidade.

Em uma área em que se encontram 114 favelas de São Paulo, houve 9 incêndios em menos de um ano, enquanto que em uma área em que se encontram 330 favelas não houve nenhum. Algo muito peculiar deve acontecer com a minoria das favelas, pois apresentam mais incêndios que a vasta maioria. Ao menos que o clima seja mais seco nessas regiões e que os habitantes dessas comunidades tenham um espírito mais incendiário que os das outras, a coincidência simplesmente não é aceitável.

Àqueles que ainda se apegam às inconsistências do destino, vamos a mais alguns fatos.

A Favela São Miguel, que leva o nome do bairro, divide sua região com apenas outras 5 favelas, representando todas apenas 0,38% das favelas de São Paulo. Desse modo, a possível existência de um incêndio por ali, em comparação com todas as outras favelas da cidade é extremamente baixa. Porém, ao pensar somente de modo abstrato, estatístico, nos esquecemos do fator principal: a realidade. O bairro de São Miguel é vizinho do bairro Ermelino Matarazzo, o qual, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), teve a maior valorização imobiliária na cidade de São Paulo entre 2009 e novembro de 2011, 213,9%. Lá, o preço do metro quadrado triplicou – mas não aumentou tanto quanto a possibilidade real de um incêndio em favelas por ali.

As favelas Alba e Buraco Negro também estão na rota do mercado imobiliário. Dividindo o bairro do Jabaquara com o restante dos imóveis, a favela inviabiliza um maior investimento do mercado na região, que se valorizou em 128,40%. Mas nada como um incêndio para melhorar as oportunidades dos investidores.

Todas as 9 favelas citadas estão em regiões de valorização imobiliária: Piolho (Campo Belo, 113%), Comunidade Vila Prudente (ao lado do Sacomã, 149%) e Presidente Wilson (a única favela do Cambuci, 117%). Sem contar com Humaitá e Areião (situadas na Marginal Pinheiros) e a já conhecida Paraisópolis.

Soma-se a tudo isso, o fato de que as favelas em que não houve incêndios (que são a vasta maioria), estão situadas em regiões de desvalorização, como o Grajaú (-25,7%) e Cidade Dutra (-9%). Cai, juntamente com o preço dos terrenos, a chance de um incêndio “acidental”.

Pensar em coincidência em uma situação dessa é querer fechar os olhos para o mundo. Resta aos moradores das comunidades resistirem contra as forças do mercado imobiliário, pois quem brinca com fogo acaba por se queimar. Enquanto isso, como disse Leonardo Sakamoto, “…favelas que viram cinzas são um incenso queimando em nome do progresso e do futuro.”

(*) Artigo publicado originalmente no blog do PET RI PUC-SP - Programa de Educação Tutorial do Curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Em 11/09/2012 http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?boletim_id=1369

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Diplomatic


06 de Setembro de 2012
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O processo de libertação na América Latina e o papel de Hugo Chávez
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Hoje na Venezuela, falar de processo revolucionário e de socialismo é tratar de um tema que, segundo o povo venezuelano, estão acompanhando e vivenciando no dia-a-dia
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por Gladstone Leonel da Silva Júnior
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(Brasília – O presidente Hugo Chávez (Venezuela), posa para a foto oficial que formaliza a incorporação da Venezuela no Mercosul)

Em pleno século XIX, um dos lutadores para a libertação da América do julgo europeu àquela época, José Martí, refletia sobre a importância de surpreender os que insistem em impedir os processos de transformação necessários para uma grande pátria justa e livre. Dizia ele, profeticamente, “que a um plano obedece o nosso inimigo: enganar-nos, dispensar-nos, dividir-nos, afogar-nos. Por isso, nós obedecemos a outro plano: ensinar a nós mesmos com todo o vigor, apertar-nos, juntar-nos, desbaratá-los, finalmente fazer a nossa pátria livre. Plano contra plano”.

O sonho de Martí e Bolívar ainda está presente no ideário dos povos latino-americanos e, em pleno século XXI, começa a tornar-se uma realidade palpável. O exemplo vem da terra do próprio Bolívar, a Venezuela. O predestinado a ajudar no cumprimento dessa tarefa junto ao povo latino-americano chama-se Hugo Chávez.

O atual presidente, democraticamente eleito na Venezuela, exerce o segundo mandato e enfrenta uma oposição ferrenha não só em seu país, mas em todo o mundo. Por que motivo Hugo Chávez incomodaria tanto, se os cidadãos venezuelanos legitimamente insistem em elegê-lo como presidente? Qual o interesse das principais potências econômicas do mundo em um país mediano, no norte da América do Sul, dentre quase duzentos países no planeta?

Atualmente, um aspecto central para a análise do processo de transformação do país é o papel da PDVSA (Petróleos de Venezuela S.A.) para a sociedade. A Venezuela é um dos países com a maior reserva petrolífera do planeta. Após a entrada de Chávez na presidência, o Estado venezuelano modificou a gestão e o direcionamento dos faturamentos da empresa. Os royalties do petróleo passam a ser investidos desde a área da saúde à habitação em benefício do povo. Socializa-se, de fato, o capital adquirido no mercado internacional de petróleo, baixando consideravelmente a taxa da pobreza no país.
Hoje na Venezuela, falar de processo revolucionário e de socialismo é tratar de um tema que, segundo o povo venezuelano, estão acompanhando e vivenciando no dia-a-dia. Sobretudo, a partir da introdução das missões bolivarianas.

Quem ousaria contestar um humilde trabalhador venezuelano sobre o potencial transformador dos mercados socialistas? Local onde são vendidos alimentos a baixo preço e de qualidade, sem agrotóxicos. Ou seja, o abastecimento é proveniente de experiências de agroecologia promovidas pelo Estado e acessíveis ao povo pobre, não aos grandes hipermercados. Ressaltando que as áreas de plantio, muitas vezes, são provenientes de desapropriação. Dessa forma, a Venezuela combate ao mesmo tempo três elementos fomentadores da desigualdade social na América Latina: os latifúndios, o agronegócio e as redes monopolistas do setor de alimentos.

Na área habitacional, os setores ligados à especulação imobiliária são escanteados para que o direito à moradia de cada cidadão venezuelano seja garantido. A missão habitação ou “misión vivienda” tende a zerar, até 2018, o déficit habitacional na Venezuela. Todos terão direito a casa própria, além de infraestrutura de lazer e educacional nessas áreas.
Tudo isso, impulsionado pelos conselhos comunais. Ou seja, a forma de que o povo seja responsável pelas mudanças de sua realidade e decida o próprio destino. Os conselhos possuem poder político e exercem a gestão direta de políticas públicas. Não se caracterizam só como estrutura consultiva, mas deliberativa, ativando a governança comunitária nos variados setores organizados, como na saúde, na economia comunal, na habitação etc.

A Constituição venezuelana garante o “Poder Cidadão” como um de seus poderes instituídos. Os conselhos comunais são a efetivação dessa previsão constitucional, contrariando o imaginário personalista e concentrador de poder que os meios midiáticos tradicionais passam do presidente. A tendência é uma maior autonomia e maior peso político dos conselhos comunais diante dos poderes instituídos de prefeitos ou governadores, por exemplo. É, de fato, o empoderamento do povo, indo além da mera eleição, mas por meio do exercício de uma democracia participativa pulsante.

Mesmo assim, o governo Chávez ainda é taxado de ditatorial para alguns, antidemocrático para outros. Para o povo venezuelano, que reiteradamente enche as ruas com milhares de pessoas para acompanhar os comícios do presidente, que se sentem sujeitos de um processo transformador, por não aceitarem só a democracia representativa e nenhum retrocesso nos seus direitos conquistados, essa falsa imagem não se sustenta. O que incomoda os países conservadores mundo afora é o fato de a Venezuela mostrar que, politicamente, as coisas podem ser diferentes. Como diz o velho ditado, “uma ação vale mais que mil palavras”. Esse é o grande ensinamento do processo revolucionário bolivariano da Venezuela.

O resultado do simulacro eleitoral realizado dia 2 de setembro de 2012 é sintomático. Mesmo a mídia conservadora latino-americana falando em empate técnico entre os candidatos, o resultado é titubeante. Dos mais de 1,6 milhão de eleitores que participaram, por volta de 86% querem a manutenção de Chávez na presidência contra os 12% para o candidato de oposição.

Eleger Chávez significa manter a chama de uma América Latina viva, tenaz, guerreira e unida ao redor de toda sua riqueza de pluralidades. É voltar-se para nossa construção sócio-histórica e acreditar que temos muito mais semelhanças que divergências, que na América Latina pulsa um coração único que alimenta um só corpo. Hoje, esse coração cheio de vigor e esperança da “pátria grande” chama-se Venezuela!
Seguindo os caminhos de Bolívar: “O que tem sido feito não é mais que o prelúdio do que se pode fazer. Estejam preparados para o combate e contem com a vitória”.

Gladstone Leonel da Silva Júnior
Professor e doutorando em Direito pela Universidade de Brasília e militante da Consulta Popular-DF. Participou do Encontro Internacional de Jovens da Nossa América, na Venezuela, em agosto de 2012.Imagem: Wilson Dias/ Agencia Brasil
Em 10/09/2012     http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=3008

terça-feira, 4 de setembro de 2012

CNBB lança campanha por um Estado a serviço de todos


Veiculada no site da Revista Carta Capital em 04 de setembro de 2012


As manifestações acontecem durante toda a semana da Pátria, até o dia 7 de setembro

O Brasil é a sexta maior economia do planeta e, ao mesmo tempo, lidera os índices de injustiça social – é o quarto país mais desigual da América Latina – e de corrupção – ocupa o 69º lugar de um ranking com 91 países. Por isso, durante a semana de comemoração da Independência do Brasil, ocorrerão por todo o País uma série de caminhadas e atos públicos em defesa de um Estado mais justo e a serviço da população.

As manifestações fazem parte do Grito dos Excluídos, um evento nacional organizado pela Confederência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com diversos movimentos sociais. Segundo o bispo da CNBB, dom Guilherme Werlang, o Estado tem se mostrado muito mais a serviço de interesses particulares do que a serviço da nação. “O grito é para que o Estado atenda aos direitos da população nos mais diversos aspectos”, afirma. “Se todos somos iguais perante a lei, o Estado deveria garantir isso”, completa dom Guilherme .
Dessa forma, sob o lema Um Estado a Serviço da Nação, que Garanta Direitos de Toda a População, a Pastoral Social da CNBB agiu como incentivadora e organizadora de diversas manifestações de movimentos sociais com as mais variadas demandas por todo o país.
As principais mobilizações do Grito dos Excluídos de 2012 alcançam desde a violência contra os jovens e a diferença racial até a corrupção e as implicações das obras preparativas para a Copa do Mundo.
“O principal objetivo do ‘Grito’ é ajudar as pessoas a perceberem que a realidade não é tão simples como os líderes políticos mostram e incitar o gérmen da democracia participativa”, explica Ari Alberti, coordenador do evento.
“É preciso que a população discuta durante essa semana para quem o Estado serve. Essa é a grande questão”, diz Iury Paulino, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) na Amazônia. “Durante o Grito dos Excluídos vamos discutir para quem a energia de Belo Monte servirá”, adianta. “Se servirá aos brasileiros ou ao capital estrangeiro e as mineradoras que atuam na Amazônia”, completa Paulino.
O Grito dos Excluídos de 2012 conta com atos e panfletagens em todos os estados brasileiros durante a semana da Pátria – que se encerra no dia 7 de setembro. “As pautas de reivindicação dependem de cada local, mas nossa intenção é criar um interesse e uma organização que discuta permantemente os problemas locais e os solucione de forma participativa e conjunta”, conclui o coordenador Alberti.